segunda-feira, 13 de abril de 2015

O que é a Tipografia #1 - Proj. #2

Hoje vou revelar um pouco da minha pesquisa sobre tipografia.

A palavra "tipografia" é proveniente do grego e significa "forma" - typos -  "escrita" - graphein.
Esta consiste no processo de criação a composição de um texto, seja este físico ou digital. Segundo a definição do Grande Dicionário da Língua Portuguesa, tipografia  é o “conjunto de procedimentos artísticos e técnicos que abrangem as diversas etapas da produção gráfica (desde a criação dos caracteres até a impressão e acabamento), espelhados  no sistema de impressão directa com o uso de matriz em relevo; imprensa”.
Assim como no design gráfico em geral o objectivo principal da tipografia é o de dar ordem estrutural e forma à comunicação. Uma composição tipográfica deve ser legível e visualmente envolvente mas de modo a ter sempre em consideração o contexto em que é lida e os objectivos que estão associados à sua publicação. Assim, a tipografia pretende atrair o leitor e contextualizar-se com o conteúdo e com o intuito da publicação.

Na tipografia o interesse visual realiza-se através da escolha adequada de fontes tipográficas, da composição (ou layout) do texto, da sensibilidade para o tom do texto e da relação entre o texto e os elementos gráficos na página - todos estes factores são combinados de modo a que a composição final esteja de acordo com o conteúdo abordado e de forma a que haja harmonia entre todos os elementos presentes na página.
No caso dos media impressos, por exemplo, os designers gráficos (ou seja os tipógrafos) preocupam-se, principalmente, com a escolha do tipo de papel adequado, de tinta e dos métodos de impressão utilizados.


Um pouco de história ... 

A tipografia, utilizada como ferramenta da indústria gráfica, inicialmente, era uma tarefa de tipógrafos. Contudo, após algum tempo surge uma actividade especializada no desenvolvimento de tipos. Esta tarefa, que passou a ser chamada de designer de tipo, era realizada por gravadores de tipos muitos antes do termo designer se vulgarizar. Alguns dos mais importantes designers de tipo foram Giambattista Bodoni e Claude Garamond, sendo que seus sobrenomes foram utilizados para denominar fontes clássicas e utilizadas com frequência em programas de texto.

Contributo de Giambattista Bodoni



A tipografia era realizada com tipos móveis, sendo baseada em paralelepípedos pequenos feitos de metal com relevos que formavam símbolos, números e letras.
Só no século XV  ocorreu o aperfeiçoamento dos tipos. Johannes Gutenberg, inventor e gráfico de alemão, foi o responsável pelo desenvolvimento de tipos gráficos feitos em metal e pelo aperfeiçoamento da prensa móvel tipográfica. As suas inovações baseavam-se no conceito de reutilização dos tipos e tinham como objectivo compor textos diferentes. Os avanços propostos pelo alemão foram  a base da imprensa por muito tempo e são usados ainda nos dias de hoje.

Com a revolução tecnológica, e com o surgimento de computadores com edição de texto ,deixou-se de utilizar a prensa no entanto, a sua formatação, grafia e o prórpio estilo da tipografia, ainda permanecem.

«Dos quatro aspectos dos quais emana toda a beleza de um caractere, o primeiro é a regularidade. Analisando o alfabeto de qualquer idioma, vamos encontrar não só traços similares num grande número de letras distintas, mas também verificar que podem ser compostas de poucas partes idênticas, combinadas em grupos.
Se tomarmos a média de tudo – o que não serve para distinguir uma letra da outra –, e acentuarmos tão claramente quanto possível as dife­renças mais necessárias para esta distinção, conseguiremos fixar, para determinar a forma de todas as letras, uma ordem e uma regra; surge semelhança sem ambiguidade, variedade sem dissonância, igualdade e simetria sem confusão.
[...] Em segundo lugar vêm a nitidez e o polimento, oriundos da perfeição dos buris e da fundição perfeita dos caracteres. [...] A terceira condição é a escolha das melhores formas, em concordância com o bom gosto, com o espírito da nação e o espírito do século.
A moda reina na escrita como em todas as coisas, impon­do-lhe regras, razoáveis ou não. No entanto, se não houver nenhum motivo melhor e se a moda nos deixar livres, o bom gosto irá orientado pela simplicidade — não a simplicidade grosseira que se mani­festaria em traços uniformemente espessos, mas por uma simplicidade agradável e de boa qualidade, como a que observamos no harmonioso contraste de claro e escuro em todo a caligrafia feita com uma pena bem apontada e firme.
A graça é o quarto e último requisito para com­pletar a beleza do impresso. Sabemos quão difícil é explicar o que há de atraente, encantador e delicioso naquilo a que chamamos «graça». Mas como a graça deve sempre tender a parecer natural e inerente, deve fugir à afectação e ao esforçamento, a ponto de não estar errado procurá-la no que há de mais raro e mais perfeito, no que possa ser o cruzamento dum puro dom de Deus e de uma feliz natureza, embora ela geralmente não seja senão fruto de longos exercícios e do hábito, o qual torna tão fáceis as coisas mais difíceis que, mesmo sem pensar, as realizamos com perfeição.
Um caractere será pois tanto mais belo quanto mais tiver regularidade, nitidez, bom gosto e graça.»(1)


Alguns exemplos de famílias tipográficas famosas:

  • Arial
  • Bodoni
  • Comic Sans MS
  • Frutiger
  • Futura
  • Garamond
  • Gill Sans
  • Helvetica
  • Times New Roman
  • Univers


Conclusão ...



A tipografia é então um dos elementos mais complexos e importantes no trabalho de um designer.
O seu papel é fundamental na criação de uma linguagem visual própria e única possibilitando às pessoas tornarem-se leitores e participantes nas mensagens à qual esta serve. Esta é agora um espectro infinito de possibilidades impressas e digitais existindo um vasto universo tipográfico proveniente de diferentes culturas, formas de pensar, modas e estilos.
Um projecto final de sucesso está sempre aliado à utilização cuidada dos elementos tipográficos: é importante conhecer a família de fontes e sua classificação para conseguir alcançar uma melhor interpretação da mesma. 
Cada designer tem disponível um leque infindável de fontes, mas é comum existirem tipos preferidos, normalmente categorizados como os mais influentes e notórios.
Sendo a tipografia uma das artes visuais tradicionais utilizadas como parte integrante da comunicação, e sendo o designer um mediador entre a sociedade e os seus reflexos visuais, é importante facilitar o elo de ligação entre o que se comunica (e como se comunica) de forma eficaz.

Com isto tudo o que eu queria deixar claro, era que a tipografia pode mudar a forma como vemos/lemos as coisas no sentido que nos transmite ideias e pensamentos, afinal ela é por si só uma forma de comunicar. 
Além disso, queria ainda realçar que, muitas vezes, acabamos por associar certas tipografias a uma marca, empresa, pessoa, etc. Por exemplo, perante a imagem a seguir apresentada, quem não reconhece rapidamente que ela está associada à marca "Mcdonald's" ? E no entanto estamos apenas perante uma letra, mas que tem a si associada uma tipografia cheia de significado e valores ...




Citações 

(1)-   Rare Book Room. http://www.rarebookroom.org/Control/bodtip/index.html, acedido a 5 de abril de 2015

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