segunda-feira, 13 de abril de 2015

O que é a Infografia ? - Proj. #2


"Toda a informação tem potencial para se transformar numa imagem"

Infografia ou infográficos são um tipo representação visual gráfica, muitas vezes complexa, que facilita a compreensão de um determinado conteúdo - se este surgisse apenas em texto escrito seria difícil de ser entendido. Podemos encontrá-los em manuais técnicos, educativos ou científicos, entre outras publicações. Este é, portanto, um elemento fundamental em todas as esferas do jornalismo (inclusive na televisão onde é cada vez mais utilizado).

Segundo Alberto Cairo - especialista em design e artes visuais, professor de jornalismo na Universidade da Carolina do Norte, nos Estados Unidos, e antigo director do departamento de infografia na edição “online” do “El Mundo”- a infografia é um “género jornalístico”, mais adequado do que o texto, para transmitir “dados frios”.

A infografia significa então a apresentação visual de dados sejam eles de natureza estatística ou sob a forma de mapas ou diagramas - sendo estas as três formas que a infografia adopta no jornal impresso.
É importante, no entanto, diferenciar a infografia dos recursos gráficos tradicionais (ilustrações) como mapas, gráfico estatísticos, diagramas e a ilustrações pictóricas, pois estes costumam servir como complementos de textos escritos. Já a infografia jornalística é principalmente um meio de informação que combina esses diferentes recursos. Além disso, os infográficos atuam como matérias jornalísticas independentes, não são necessariamente subordinadas à outros textos jornalísticos e por isso têm a capacidade de explicar algo, contar uma história, transmitir informação como uma notícia.
A infografia é assim a aplicação das regras do desenho gráfico para contar algo, sendo apenas mais uma linguagem, outra forma de contar histórias.
"Nem todas as histórias podem contar-se de maneira infográfica, da mesma forma que nem todas as histórias se podem contar bem em texto.
Não se pode contar uma história com interesse humano através de uma infografia. No caso do acidente de metro que houve em Valência onde morreram 42 pessoas, a infografia não permite contar como as famílias das vítimas experimentaram a tragédia. Por outro lado, a infografia é muito melhor para explicar por que é que o comboio descarrilou, por que chocou, onde chocou, quanta gente morreu, quanta gente está viva. A infografia é muito melhor para transmitir os dados frios, os dados duros."(1)
Infográficos são então uma forma de representar visualmente a informação. Esses gráficos são usados onde a informação precisa de ser explicada de forma mais dinâmica podendo utilizar a combinação de fotografia, desenho e texto.
"Tudo deve ser explicado, esclarecido e detalhado - de forma concisa e exata, numa linguagem tanto coloquial e direta quanto possível [...] A apreensão pelo leitor deve ser fácil, clara e rápida. [...] A rigor, tudo o que puder ser dito sob a forma de quadro, mapa, gráfico ou tabela não deve ser dito sob a forma de texto."(2)

Ou seja, o infográfico busca uma forma mais fácil e clara de comunicar uma informação.
Dependendo dos jornais, e claro dos países nos quais estes se encontram inseridos, o infografista pode ser considerado jornalista ou desenhador gráfico. Nos jornais mais avançados, e portanto naqueles que produzem a melhor infografia do mundo, os infografistas são jornalistas - é o caso do “New York Times”, do “El Mundo” e do “El Pais”. Neste sentido, um infografista é um jornalista que pensa a informação de modo visual e não só textual.

Infografia produzida pelo "New York Times"



O que não é infografia

Como já referi anteriormente nem todas as ilustrações são infografias embora as infografias as possam conter. Obras de arte e diagramação também não o são. No entanto a infografia pode influenciar a diagramação ocupando, muitas vezes, uma página inteira ou duas. Na mesma linha de pensamento pode-se dizer que gráficos, tabelas ou mapas ilustrados para serem considerados infografia têm que permitir passar uma determinada informação e responder às questões básicas do jornalismo: "o quê?"; ""Quem?"; "Quando?"; "Onde?"; "Como?" e "Porquê?".

Exemplo de um gráfico que NÃO é infografia por si só


A relação entre a infografia e o jornalismo

A infografia, sendo muito usada no ramo do jornalismo, pode ser mais ter as suas características mis centradas na informação ou no visual. Esta distinção depende do facto de ter sido criada por um jornalista ou por um designar gráfico (respetivamente).
Caso seja criada por um jornalista este deve apurar e organizar a informação que vai ser apresentada na composição que irá originar o infográfico, assim, este profissional deve recolher a informação tendo em mente como quer que elas sejam apresentadas visualmente. como tal, é indispensável que este conheça as ferramentas de edição de modo a saber as suas capacidades e limitações (mesmo que, posteriormente, a infografia vá ser elaborada pelo designer gráfico se o jornalista tiver estas noções conseguirá muito mais facilmente recolher informações que sejam realmente pertinentes para a elaboração, podendo ainda orientar melhor o designer durante essa elaboração).

Exemplo de infografia do jornal "Global Daily"


A origem e evolução da infografia

  • Os recursos usados na infografia têm a sua origem na pré-história. Os primeiros mapas foram criados milênios antes do aparecimento da escrita. Os mapas mais antigos que se conhece foram encontrados na cidade de Çatal Hüyük, na Turquia, e datam de 6200 a.C., tendo sido pintados numa parede.

Mapas encontrados na cidade Çatal  Hüyük

  • Em 1626, Christoph Scheiner publicou a chamada "Rosa Ursina sive Sol", que continha vários diagramas para mostrar a sua pesquisa sobre o sol. 
Rosa Ursina sive Sol

  • Em 1786, William Playfair criou uma variedade de gráficos estatísticos que são usados até hoje - no seu livro "The Commercial and Political Atlas" pode-se encontrar gráficos que representam a economia do século XVIII na Inglaterra.

  • Em 1857 a enfermeira, de nacionalidade inglesa, Florence Nightingale convenceu a rainha Vitória a melhorar as condições nos hospitais militares a partir do uso de gráficos informativos da importância dos mesmos.

  • Já Leonardo da Vinci elaborou desenhos anatômicos extremamente detalhados sobre o corpo humano. Entre 1510 e 1513, estudou fetos, de que resultaram obras que podem ser consideradas infografias de grande complexidade.

  • Em 1861, Charles Joseph Minard criou um importante infográfico sobre a marcha de Napoleão sobre Moscou - um exemplo pioneiro de como muita informação pode ser sintetizada para se tornar mais inteligível.
Infográfico de Charles Joseph Minard

  • Em 1932 , Harry Beck projetou o mapa topográfico de metro de Londres. Inspirado na simplicidade de diagramas de engenharia , Beck projetou o mapa que seria o paradigma para os mapas de transporte público que vieram em seguida.
Mapa topográfico do metro de Paris - criado por Harry Beck em 1951

  • A partir do século XIX, a difusão de técnicas de impressão trouxe uma crescente facilidade no que toca à utilização de desenhos e fotografias nos jornais.

  •  Em 1980 surgiu a digitalização de dados o que mudou muito a infografia.

  • Com o surgimento da interface gráfica - a partir da chegada dos Macintosh e do Windows 95 - as possibilidades visuais no jornalismo aumentaram, e, mais tarde, com a invenção de programas de interface gráfica para a criação de sites - que agregavam medias e recursos visuais numa única plataforma - a infografia tornou-se, definitivamente, uma maneira eficiente de tratar a informação.

  • Finalmente, com o aparecimento do Adobe Illustrator, em 1995, tudo se tornou mais fácil devido ao desenho vectorial que este programa trazia de novo. Este foi assim um ponto de viragem na evolução da infografia.

Citações 

(1) -  JPN. http://jpn.up.pt/2006/07/11/infografia-nao-e-uma-linguagem-do-futuro-e-do-presente/, acedido a 5 de abril de 2015.
(2) - Penta2. http://penta2.ufrgs.br/edu/ImagemEduc/o_infogrfico.html, acedido a 6 de abril de 2015.



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