terça-feira, 5 de maio de 2015

A Infografia no mundo jornalístico #2 - Proj. #3

Continuando com a infografia aplicada ao jornalismo, deixo aqui mais algumas considerações :

A infografia e o jornalismo

Os jornais impressos permitiram a popularização da apresentação da informação sob a forma gráfica. Nesse sentido, a importância da infografia aumentou pois começou a ser utilizada como um complemento para melhor explicar alguns pormenores do texto.

Segundo De Pablos um marco muito importante para o desenvolvimento da infografia no jornalismo a nível mundial foi a Guerra do Golfo Pérsico. Como não existiam fotografias para adicionar informação criou-se a necessidade de usar algo mais para complementar a notícia. De Pablos já destacava, no início da década de noventa, que a infografía é uma forma de expressão informativa renovada. Para ele, através do uso da infografía, é possível “tentar contar uma história com feitio gráfico”.

O conceito de Infojornalismo apareceu com o começo do uso do diagrama pela maioria dos jornais.

Jordi Clapers, chefe de infografia do jornal El Pais, considera que um infográfico é uma representação visual e sequencial de notícia, informação, facto, acontecimento ou tema jornalístico.

Já para Raymond Colle um infográfico é uma unidade que utiliza combinação de códigos icónicos e verbais para dar uma informação ampla e precisa, para a qual um discurso verbal resultaria numa composição muito mais complexa e que iria requerer mais espaço.

Deste modo a infografía jornalística é uma forma de comunicação onde existe a predominância das imagens sobre o texto. Esta é composta quer por elementos icónicos quer tipográficos que, associados, tornam mais fácil o entendimento das notícias. A infografia permite assim realçar os seus aspectos mais significativos do texto informativo ou mesmo substituí-lo.

Mariana Minervini e Ana Pedrazzini também entendem que a infografia é uma nova – ou recuperada – forma visual de apresentar uma informação:
Ao possuir como eixo principal à imagem e como fio condutor o
texto- sempre sumário -, ela ambiciona explicar de forma resumida
a essência da informação. A infografia é empregada, no
jornalismo atual para descrever um processo, uma seqüência ou,
ainda, para explicar um mecanismo complicado visualizar ou
dimensionar um fato. Não obstante, não surge com a intenção de
substituir a fotografia, mas sim complementar a informação dos
outros elementos tanto gráficos como textuais da página. A função
dos gráficos informativos consiste em aportar dados de forma
atual e dinâmica ao leitor para uma fácil e imediata compreensão
da notícia. Portanto, é necessário alcançar um equilíbrio entre o
aspecto estético e o conteúdo, que deve ser claro, sintético e
preciso. (1).

Dondis afirma mesmo que não é difícil perceber que o Homem tem tendência à informação visual:
Buscamos um reforço visual de nosso conhecimento por muitas
razões; a mais importante delas é o caráter direto da informação, a
proximidade da experiência real. Quando a nave espacial Apolo
XI alunissou, e quando os primeiros e vacilantes passos dos
astronautas tocaram a superfície da lua, quantos dentre os
telespectadores do mundo inteiro que acompanhavam a
transmissão do acontecimento ao vivo, momento a momento,
teriam preferido acompanhá-la através de uma reportagem escrita
ou falada, por mais detalhada ou eloquente que ela fosse? Essa
ocasião histórica é apenas um exemplo da preferência do homem
pela informação visual. (2)

Para Peltzer a história do jornalismo visual está relacionada com a história das tecnologias que
propociunaaram a utilização do visual como linguagem informativa. Kirsh concorda e afirma ainda que os jornais combinam efeitos visuais facilitar a leitura:
Os computadores permitiram que os designers utilizassem novas
técnicas gráficas (...) algumas dessas características foram introduzidas nos jornais
porque os leitores modernos são impacientes e esperam obter mais
informação visual - por meio de fotos, gráficos, mapas, diagramas
- tanto como através do texto. (3)

Alguns autores, como Peltzer, dividiram em grupos os géneros específicos para distinguir os conteúdos das mensagens jornalísticas iconográficas. Peltzer propõe então uma divisão em sete grupos (seis estão relacionados com o jornal impresso):

  1. Gráficos - representação visual de uma informação, consistindo numa ou várias correspondências entre uma de conceitos variáveis e uma invariável. Subdividem-se em: Diagramas (lineares, circulares, ortogonais, tabelas etc.) e Organogramas (representação gráfica das relações existentes numa organização);
  2. Infográficos - expressões gráficas, mais ou menos complexas, de informações cujo conteúdo são fatos ou acontecimentos. São usados como explicação de como algo funciona ou até de como é uma coisa]; 
  3. Mapas - representação geográfica da terra ou de parte dela numa superfície plana 
  4. Símbolos - representação de objectos, pessoas, animais, profissões, desportos, condutas, religiões,  entre outro, através de grafismos, silhuetas, figuras, ícones, marcas, entre outros;
  5. Ilustrações - representações gráficas de pessoas ou coisas; 
  6. Comic informativo - é uma adaptação da linguagem das histórias de banda desenhada à informação de fatos reais.
A infografia pode possuir texto, mapas, time-line, gráficos, entre outros. Ou sejam os grupos anteriores podem ser postos ao serviço da infografia basta que para isso se complementem uns aos outros, articulando-se entre si.

Como já referi no post anterior a estrutura básica de uma infografia deve conter um título, texto, corpo e fonte; deve responder às questões básicas de construção da notícia e ainda conter elementos de uma narração. O título deve expressar o que está na inforgrafia; o texto serve para fazer compreender sem ser redundante à matéria; o corpo é a própria informação visual – as imagens, as fotos, entre outros; a fonte é o que garante a fidelidade e veracidade da informação.


Para Valero Sancho existem dois tipos de infografias:

  • As individuais - são aquelas que apresentam características essenciais de uma única infografia, tratam de um único assunto;
  • As colectivas - são aquelas em que se combina mais do que uma infografia para construir várias facetas de uma informação.
O autor defende ainda que existem quatro classes básicas de infografias:
  • As comparativas - são utilizadas quando têm com o objectivo de comparar vários elementos ou alguma das partes desses elementos. Usa recursos gráficos de forma a transmitir uma informação visual rápida dos elementos ou variáveis em estudo; 
  • As documentais - são utilizadas com o objectivo de explicar características, ou até para ilustrar acontecimento ou ações;
  • As cénicas - são utilizadas para mostrar como ocorreu um acontecimentos ( um acidente, atentado, uma acção de guerra, entre outras.)
  • As localizadoras - são utilizadas aquelas para situar a informação ou indicar o espaço onde um acontecimento ocorreu/ocorrerá. Nestas, normalmente, usam-se mapas.

Devido ao desenvolvimento acelerado da infografia não é possível garantir que estas classificações sejam definitivas: a criatividade associada à funcionalidade visual deste recurso vai continuar a expandir as suas formas de representação.

Concluindo, pode-se inferir que a infografia jornalística é um género específico informativo. A infografia é uma linguagem jornalística que inclui códigos linguísticos, icónicos, fotográficos de diagrama ou estéticos (Pelrzer). Esta resulta da complementação entre a linguagem verbal e visual. Para esta a linguagem visual é mais sucinta, apresentando a compreensão do conjunto (Raymind Colle).
Na infografia o texto e a imagem fundem-se, dando origem a um significado. Esta consiste numa nova forma de narrar factos permitindo que estes sejam explicados com maior clareza e facilidade do que através do texto no seu estado puro. São por isso utilizadas como um instrumento ao serviço do jornalismo, ou seja, como uma forma de narrativa que não tem apenas como função complementar, esteticamente, a página de um jornal.




(1) - Revista Latina de Comunicación Social. http://www.ull.es/publicaciones/latina/20042058minervini.pdf, acedido a 5 de Maio de 2015.

(2) -  DONDIS, Donis. A Sintaxe da Linguagem Visual. São Paulo: Martins Fontes. 1991

(3) -  Metacognition, Distributed Cognition and Visual Design. http://citeseerx.ist.psu.edu/viewdoc/download?doi=10.1.1.258.9716&rep=rep1&type=pdf, acedido a 5 de Maio de 2015.

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