domingo, 21 de junho de 2015

Memória descritiva #3 - Proj. #3

"if it´s an image that displays and explains information quickly and clearly, it´s an infographic" (The Guardian)

Chegado o momento de concretizar o último projecto no âmbito da unidade curricular "Design de Comunicação Visual", surgiu o desafio de construir uma infografia jornalística como já referi aqui.

"Há cerca de vinte anos atrás e a uma escala mundial o jornalismo adotou uma tendência que se mostra hoje quase irreversível: a adoção de uma diagramação e tipografia esteticamente agradáveis e com maior legibilidade possível, somada à incorporação de elementos gráficos e a redução dos textos escritos, visando uma leitura mais rápida e fácil, no que se poderia denominar jornalismo visual. Um dos elementos chaves do jornalismo visual é precisamente a infografia" (1).

Sendo eu uma apaixonada por viagens o tema "Dia Mundial da Arquitectura" criou, desde logo, uma ligação emocional com o meu inconsciente. Sempre que viajo gosto de conhecer coisas novas e de saber mais sobre as principais atracções da cidade onde estou e foi daí que tirei a ideia de criar uma infografia intitulada: "5 construções arquitectónicas famosas do Sec.XXI" . 
Seguindo as explicações e os conhecimentos de dois dos membros do JPN, que apresentaram os temas possíveis para a Infografia, encontrei neste tema a possibilidade de explorar edifícios que ainda não tive oportunidade de ver ao vivo. A ideia era entaõ de conhecer um pouco da sua "história". Ao procurar as informações mais "básicas" acabei também por ser confrontada com alguns factos curiosos sobre as mesmas, ou seja, aquilo que as distingue de todas as outras construções modernas. 
Nesta perspectiva tentei fornecer ao meu público a capacidade de conhecer essa mesma nova realidade que fui conhecendo ao longo das pesquisas que realizei. A verdade é que todos nós conhecemos qualquer um dos edifícios que seleccionei, no entanto, quase ninguém sabe algumas das suas informações mais básicas. Isto ocorre porque nem toda a gente está disposta a ler páginas e páginas sem fim apenas para saber que, por exemplo, para se limpar todas as janelas do Burj Khalifa demoraria, no mínimo, 4 meses. 
Nesta perspectiva, alguma da informação que seleccionei foi apenas a título de curiosidade, outra foi por considerar que é essencial para a cultura geral de qualquer cidadão.
O meu principal objectivo era o de  fornecer, com dados verídicos e fundamentados, algumas noções relativas a construções célebres do nosso século. 
Tentei não tomar qualquer tipo partido: não destaquei nenhum edifício em particular nem salientei nenhuma das variáveis em estudo: apresentei apenas factos reais e comparei-os entre si.
A recolha dos dados foi então realizada em diversos sites/ documentos e notícias. Após este levantamento defini a narrativa que queria dar, ou seja, decidi os dados que queria usar tendo em conta o critério da relevância. Resolvi então referir: 
  • onde se localizam;
  • o seu custo de construção;
  • quanto tempo demoraram a ser construídas;
  • que dimensões têm;
  • as suas singularidades mais pertinentes.
Estes são então os elementos que participaram na construção da minha narrativa.

Um novo tipo de “discurso” que –se estiver bem construído– mistura texto e ilustração em uma unidade de espaço auto-suficiente em sua capacidade de informar (...) A mútua complementação entre ambas linguagens – verbal e visual– resulta atualmente óbvia. A linguagem verbal é analítica: divide e compara, em etapas que acontecem no tempo, e a compreensão surge do estudo das partes e da apreensão de seus nexos. A linguagem visual, ao contrário, é mais sintética: pela vista se percebe uma forma significativa em sua globalidade (1). 
Posteriormente iniciei a organização da informação. Esta é a fase mais criativa e, consequentemente, que acarreta  uma maior responsabilidade. 
O conteúdo tinha que ser apresentado de forma explicita, simples, organizada e clara. Tudo isto sem perder o factor da inovação e da originalidade. 
A inspiração surgiu graças à visualização de inúmeras infografias jornalísticas, quer de jornais portugueses, quer de jornais estrangeiros. 

A nível de elementos infográficos utilizei o mapa, o gráficos de barras (horizontal e vertical) e a time-line.  Utilizei ainda elementos visuais simples como a linha que me permitiu desenhar as formas das construções (a partir do Adobe Illustrator fiz ilustrações com as linhas gerais de cada uma das construções). 


One World Trade Center

Antilia

Burj Khalifa

Guangzhou Opera House

The Shard




Estas escolhas foram realizadas para manter a Infografia o mais simples e "limpa" possível. Inicialmente ia usar imagens dos edifícios que encontrei na Internet mas acabei por desistir da ideia visto que o  professor me fez compreender que o truque é transmitir a mensagem de forma clara - não se devendo sobrecarregar a leitura visual. 

"La segunda tradición o filosofía de trabajo, la analítica, mantiene la preocupación estética (después de todo, nadie quiere crear gráficos feos) pero antepone lo funcional al mero artificio visual, algo que da título precisamente a mi segundo libro: el diseñador debe primero preocuparse por la legibilidad, la estructura, la narrativa, la claridad y la profundidad, antes de pensar en el estilo. O debe pensar en el estilo como una forma de reforzar la funcionalidad." (2)

Sendo assim o resultado final foi este : 



A localização foi representada a partir de um mapa. Considerei que esta seria a forma mais simples e acessível à compreensão. O mapa foi desenhado e, posteriormente, pintado por mim no Adobe Illustrator. Associei cada um dos continentes a uma cor e, posteriormente, usei essa mesma cor cada vez que escrevi o nome da construção que se encontra nesse continente. Pretendia fazer uma associação original e que simultâneamente permitisse ao público percepcionar a informação de modo imediato.

O custo de construção foi exibido sob a forma de um gráfico de barras horizontal de modo a permitir uma comparação entre os valores de todas as variáveis em questão. Organizei do mais caro para o mais barato (ordem decrescente) de maneira a facilitar a interpretação. As barras encontram-se num tom de verde para simbolizar o dinheiro.
 "Un infográfico es una combinación, una simbiosis, entre imagen y texto." (2)
A time-line contempla as ilustrações que realizei, o tempo de construção e ainda está associada a algumas curiosidades. Todos os elementos têm a cor correspondente ao continente de localização da construção à qual se referem. Como "linha do tempo" que é à medida que a vamos percorrendo com o olhar passou mais tempo: comecei por representar as que demoraram menos tempo a serem construídas.

Por fim a altura foi representada à escala, com recurso a uma espécie de gráfico desenhado por mim. Na zona inferior à ilustração e ao nome de cada edifício está a altura exacta expressa em metros. Esta construção foi realizada de modo a que o observador consiga comparar as diferente alturas sem ter que recorrer à leitura dos respectivos valores. Mais uma vez a organização foi realizado por ordem decrescente. 

Na infografia procurei sempre usar uma escala corresponde à realidade. Além disso tive ainda o cuidado de usar cores complementares: o azul - na Europa - e o laranja - na Ásia; o violeta - na América - e o amarelo - na Oceânia. 
A infografia tem, portanto, uma vertente comparativa - tem o objectivo de comparar vários elementos ou alguma das partes desses elementos - documental - pretende explicar características - e localizadora - situa a informação.

Foi assim que realizei a minha narrativa com o mínimo de palavras possíveis.



(1) - MACIEL, Betania; SABATTINI, Marcelo - Infografias interativas: novos suportes de informação para o jornalismo científico digital [Em linha]. 24 a 27 Outubro. 2004 [Consult. 24 Maio 2015]. Disponível na WWW: http://www.sabbatini.com/marcelo/artigos/2004sabbatinimaciel-abjc.pdf.


(2) - CAIRO, Alberto – Entrevista a Alberto Cairo sobre Infografía [Em linha].  12 Maio. 2012. [Consult. 25 Maio. 2015]. Disponível na WWW: http://www.upf.edu/hipertextnet/entrevistas/entrevista_alberto_cairo.html


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